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Nós.

Se faz um ou mais ano que não nos vemos, supostamente temos saudades, tanto a falar um para o outro, tanto a interagir. Como se não houvesse nada que nos impedisse, como se fôssemos o que nós deveríamos ser.

Eu ainda não consigo te livrar da imagem daquilo que você é, eu tentei, por muitos anos, mas infelizmente eu não consigo ainda. Eu também tentei ser menos egoísta, não puxando a toalha só para o meu lado. Eu julguei, eu repensei, fugi do meu veredicto, já que ele sempre me favorecia, mas nada além disso restou.

A sua ideologia me mostrou o quanto eu estava errado. Eu me diminuía. Eu me matava, todas as noites, expressando de forma pouco comum e não te convencendo, tentando mudar aquilo que só você via, mas até então eu nem sabia o que era.
Você sempre foi um adulto pra mim, sempre se mostrou forte, e a uns 6 anos atrás, eu comecei a ver os seus defeitos, mas você era parte de mim, eu ouvia, me calava, e não sabia a diferença de medo e de respeito, mas pra você e eles, era respeito.

Me falaram que você daria a sua vida por mim, e você de fato daria. Você me sustentava e mantínhamos a hierarquia, na melhor forma possível. Eu interpretei isso como paternidade, independente do grito abafado. Queremos o fim mas sequer começamos.
Eu me censuro por chegar a essas conclusões (quem sou eu pra falar isso? Desculpe), sei como elas são banalizadas e incertas, e até mesmo suspeitas, vindo do réu, mas eu sentia essa necessidade, éramos crianças, ambos com extremos de idade e de responsabilidades, mas éramos crianças.