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Alguém bem perto

Eu nunca tive uma boa relação com meu pai, pelo menos não depois dos 9 anos de idade, quando eu comecei a crescer e achar que eu era a vítima e que tudo era contra o que eu fazia, falava e etc. Óbvio que eu não tinha noção disso, mas hoje eu tenho.

Meu relacionamento com meu pai era uma coisa meio estranha, era um tratamento frio e meio distante, sustentado e "aquecido" pelo "olá papai/tchau papai" e etc.

Ele foi criado de uma forma bem rígida, que influenciou bastante em requisições que ele impunha pros meus irmãos e eu. As brincadeiras que eu fazia com a minha mãe, gestos espontâneos e afins era uma coisa proibida por ele, era visto como desrespeito ou respondido por "eu não gosto desse tipo de brincadeira".

As constantes brigas entre os dois e ele sempre terminando como um vilão ou pelo menos demonstrando isso através dos gritos mais altos também era o que acabava caracterizando ele como uma pessoa inacessível.

Resumindo, nunca tivemos uma relação padrão. Minha mãe também influenciava isso puxando a toalha pro lado dela e contribuindo pra uma imagem negativa dele. Ela tem os motivos dela e eu compreendo, era um sistema de defesa.

Fiquei alguns anos sem sequer olhar pra cara dele e agora estamos bem a uns 3 meses, iniciando uma relação bem sincera e legal. Embora não das mais confortáveis, porque eu conheço ele e ele me conhece, então é como pisar em ovos, ter cuidado com o que falar e até como agir.
É estranho, porque é como se relacionar com alguém que você nunca viu na vida e ao mesmo tempo alguém que sempre esteve presente e te conhece.
Mas estamos numa troca: Eu sou sincero com ele e ele comigo, e eu sei o quanto ele é importante pra mim e ele sabe o quanto eu como filho significo pra ele. Indo devagar, tropeçando, revendo erros, desculpando, olhando pra frente e melhorando.

Do meu ponto de vista é curioso analisar ele agora, porque o antes errado, o vilão da história agora é um homem cansado, com poucas certezas, submisso de uma forma boa e dá pra entender muitas atitudes analisando ele como um homem. Vejo os defeitos dele e não só isso, dá pra ver um porquê claro das coisas e as virtudes dele que antes eu nem sabia que existiam.

É fácil e cômodo pra mim culpar ele. Como ele mesmo me disse a uns dias atrás, são muitas mágoas que ele provocou, ficaram algumas cicatrizes mas hoje eu posso enxergar algumas dores pessoais atrás de algumas ações dele. É uma pessoa como eu e você, insegura, com defeitos, tentando melhorar, errando, agindo certo, procurando razões e aprendendo a viver. Porque quanto mais passa o tempo, mais se tem a certeza de que há muito pra aprender, isso eu falo por experiência própria.

Meu pai tem idéia disso, e é por isso que eu amo ele ainda mais.
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Aliás, hoje é aniversário dele, acho que vamos fazer um bolo ou algo do tipo. Depois posto fotos!

4 comentários:

Laizamarea disse...

que bom =D

Flávia disse...

No final das contas percebemos que eles são humanos que tentaram de melhor forma que podiam ser bons pais..

Me identifiquei muito com seu post hj.

Boa noite!
Bju

MEIOF disse...

TEM FESTA AE/
M CHAMA PRA BB

Unknown disse...

Uia, mudou tudo aqui =)
É tão bom quando conseguimos superar certos"traumas" de infância, não? Nada como o tempo para colocar as coisas em seus devidos lugares. Fico muito feliz que estejam conseguindo se entender melhor. Eu melhorei meu relacionamento com meus pais depois que tive a Melissa. Tá, morar do outro lado do mundo ajudou muito também =p
Ele faz aniversário dia 13? Junto com a minha filha? Nunca mais vou esquecer. Dê meus parabéns para ele, mesmo que ele nunca tenha ouvido falar de mim e esteja super atrasado =D

Beijos!!!